Independentemente de haver um regime democrático ou não, um governo precisa ter o apoio da maioria de seus cidadãos para se manter no poder. Para isso, precisa persuadir as pessoas de que suas práticas não apenas são boas, mas que elas foram melhores decisões que todas as outras possíveis.

Uma forma de conseguir isso é contratando “intelectuais” e formadores de opinião para conseguir influenciar o povo.

Nesse sentido, Murray Rothbard refletiu que:

É evidente que o estado precisa de intelectuais; mas não é algo tão evidente por que os intelectuais precisam do estado. […] podemos afirmar que o sustento do intelectual no livre mercado nunca é algo garantido, pois o intelectual tem de depender dos valores e das escolhas das massas dos seus concidadãos, e é uma característica indelével das massas o fato de serem geralmente desinteressadas de assuntos intelectuais. O estado, por outro lado, está disposto a oferecer aos intelectuais um nicho seguro e permanente no seio do aparato estatal; e, consequentemente, um rendimento certo e um arsenal de prestígios. E os intelectuais serão generosamente recompensados pela importante função que executam para os governantes do estado, grupo ao qual eles agora pertencem.

Vale notar que intelectuais financiados pelo governo dificilmente o criticarão. Afinal, quem morderá a mão que está lhe alimentando?

Um veículo de imprensa não precisa ser necessariamente imparcial, mas precisa ser livre! É notável que se grande parcela das receitas de um jornal for proveniente de publicidade estatal, a autonomia jornalística fica comprometida.

Assim, ao financiar uma elite cultural, o governo visa influenciar o povo de forma favorável para si, legitimando suas ações.

Para conseguir isso, o governo conta com todo um aparato estatal de propaganda governamental, o que não é diferente no Brasil. A jornalista Marina Pinhoni destacou que os gastos do governo brasileiro em 2013 (R$ 2,46 bilhões) foram assustadoramente maiores que os investidos pela gigante Ambev! Esses valores são ainda mais absurdos quando se pensa que os órgãos do estado não precisam fazer propaganda, afinal, não precisam atrair clientes!

MP

Para se ter ideia, o valor gasto em patrocínios do governo federal foi de R$ 1,42 bilhão em 2014, inferior ao ano anterior apenas devido às restrições pertinentes ao ano eleitoral, como se verifica no quadro ao lado. Entrementes, observa-se acentuado crescimento com o passar dos anos.

Daí a importância da crítica intelectual independente para fazer considerações livres e contrárias ao que defendem os estudiosos governistas e a “imprensa chapa-branca”. É preciso haver acolhimento institucional de pessoas que pensam de forma diferente do tradicional paternalismo e do intervencionismo estatal. Há certamente demanda para isso, entretanto, é preciso haver patrocínio ideológico.

Para frear a reprodução de discursos anti-livre mercado e facilitar o ambiente de negócios, é essencial financiar centros culturais e think tanks que defendam liberdades econômicas e a primazia do indivíduo sobre a coletividade.

Por fim, o estado gastando cada vez mais com propaganda e com financiamento de intelectuais (utilizando seu dinheiro para isso!) nada mais é que pavimentar o caminho da servidão e retirar a liberdade das pessoas. O financiamento à crítica intelectual independente por parte da iniciativa privada e o estabelecimento de restrições legais mais rígidas às publicidades governamentais são remédios para tornar o ambiente de negócios mais salutar e mudar esse lamentável quadro, o qual permite que partidos políticos e grupos utilizem do dinheiro de todos para seu próprio benefício.

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