De acordo com Gregory N. Mankiw, economista da Universidade de Harvard, 93% dos seus colegas de profissão acreditam que proteger empresas nacionais contra a concorrência estrangeira geralmente é uma má ideia.
No Brasil, entre os 7%, estão boa parte dos economistas de universidades públicas, todos os partidos da esquerda brasileira, a presidente Dilma Rousseff, as organizações de donos de indústrias (como a FIESP) e os antigos comandantes da Ditadura Militar.
Não à toa, a economia brasileira é uma das mais fechadas do mundo. Em diversos setores importantes – como aviação e comunicações -, as empresas estrangeiras são terminantemente proibidas de atuar no Brasil, sob o argumento de se tratarem de ‘setores estratégicos’. Assim, acabam dominados por empresas nacionais, que geralmente combinam muitas reclamações de clientes com uma grande fatia do mercado, garantida pela falta de concorrência.
Outro exemplo assustador, bem lembrado por uma reportagem do portal Spotniks no ano passado, está nos impostos de importação, mais altos que os da União Soviética.
Durante o primeiro governo Dilma, diversas medidas aprofundaram o protecionismo, como a exigência feita à Petrobras, que passou a incluir uma cota para produtos nacionais em suas compras. Em 2015, os resultados a medida aparece com frequência em artigos sobre a crise na Petrobras e nas páginas policiais.
A política de “proteção” se estendeu muito além da Petrobras: entre 2008 e 2012, o Brasil foi o sexto país do mundo que mais editou medidas anti-comércio, de acordo com levantamento da OMC. Não se trata de uma exceção na história do Brasil. Outros presidentes, como Ernesto Geisel, fizeram o mesmo no passado. O acúmulo de Dilmas e Geisels levou o Brasil a ter, hoje, uma das economias mais fechadas do mundo. E é justamente essa uma das mudanças que o recém-eleito presidente argentino Maurício Macri pretende implantar no país vizinho, que também figura entre as economias mais provincianas do planeta.
Nos Estados Unidos, a situação é bastante diferente, mas o polêmico candidato Donald Trump promete mudar isso – e repetir o que Dilma fez por aqui. Trump promete, caso eleito, trabalhar para que as empresas americanas parem de criar postos de trabalho em países como China e México, e voltem a produzir no país, oferecendo emprego aos locais e combatendo a terceirização. Sua obsessão com a China ganhou até mesmo um vídeo com quase 4 milhões de visualizações no YouTube.
Ao comentar a implantação de uma fábrica da Ford no México, Trump foi direto e, citando nominalmente o presidente da empresa, disse: “Vou dar algumas más notícias a você (Mark Fields, CEO da Ford): Cada carro, caminhão e peça produzida nessa fábrica pagará um imposto de 35% quando atravessar a fronteira para os Estados Unidos”. E então, explicou a seus eleitores que faria isso porque “eles vão tirar milhares de empregos do país”, embora juristas afirmem que a proposta é ilegal e economistas afirmem que não é isso que vai trazer os empregos de volta aos EUA.
Seus planos incluem até mesmo obrigar a Apple, famosa por suas fábricas na China, a produzirem todas as peças de seus MacBooks e iPhones nos Estados Unidos.
Em entrevista à Forbes, o economista Donald Bordreaux, professor da Universidade George Mason, deixa claro o seu ponto de vista: “O Sr. Trump é indesculpavelmente hipócrita ou indescupavelmente ignorante em economia. Não há diferença econômica, por exemplo, entre uma empresa automobilística americana que investe em fábricas no exterior e os investimentos do próprio Trump em hotéis no exterior. Nos dois casos, são empresas sediadas nos Estados Unidos buscando oportunidades econômicas lucrativas em outros países.”
A empresa de Donald Trump pretende inaugurar um complexo com 5 “Trump Towers” no Rio de Janeiro, cada uma com 38 andares na região do Porto Maravilha, um projeto da prefeitura que receberá 4 bilhões de dólares em dinheiro público até as Olímpiadas.