Por Bryan Caplan, com tradução de Pedro Menezes

Ultimamente, tenho visto liberais serem ridicularizados quando seus argumentos contra uma lei acabam chegando à máxima “Por causa da liberdade”. Por que não deveríamos adotar impostos maiores sob heranças? Por causa da liberdade. Por que não deveríamos banir armas de fogo? Por causa da liberdade. Por que não deveríamos impôr padrões rígidos de consenso afirmativo em todas as relações sexuais? Por causa da liberdade.

A ridicularização é frequentemente injusta em seus termos. Existem argumentos utilitaristas e empíricos para cada uma dessas posições liberais, caso os críticos estejam dispostos a considera-los. Ainda assim, eles corretamente sentem que liberais consequencialistas costumam assumir fortes premissas pró-liberdade e anti-governo. Quando as consequências de alguma ação estatal são classificadas na vizinhança do que é “ruim, de forma geral”, o consequencialismo liberal usualmente faz uso do argumento “Por causa da liberdade” para ultrapassar eventuais incertezas.

Mas o que poucos críticos importam-se em admitir é que eles rotineiramente fazem o mesmo movimento intelectual em diversas questões. Quase todo mundo o faz. Sempre que as consequências de uma ação do governo que não envolvem respostas palatáveis ao campo das ideologias, não-liberais também definem sua posição com algo como “Por causa da liberdade”.

Por que não devemos criminalizar o Satanismo? Por causa da liberdade.

Por que uma sociedade majoritariamente formada por homofóbicos não deve usar a maioria numéria para legitimar políticas de discriminação à homossexualidade? Por causa da liberdade.

Por que não punir o sexo desprotegido entre estranhos que não estão em dia com seus exames de DSTs? Por causa da liberdade.

Por que não proibir escaladas ao topo do Monte Everest? Por causa da liberdade.

Por que não exigir de adultos um Certificado de Não-Alcoólatra para que eles possam comprar bebidas alcoólicas? Por causa da liberdade.

Por que até mesmo um grupo simpático a ideias nazistas deve ter direito a realizar manifestações públicas? Por causa da liberdade.

Por que pais devem ser permitidos a restringir o convívio de filhos pequenos com terceiros? Por causa da liberdade.

Claro, é possível que existam outros argumentos, consequencialistas, para cada um desses casos. Mas se você acha que todos os argumentos consequencialistas levarão necessariamente à contradição das proibições estatais mais absurdas, é provável que você esteja presumindo alguns fatos com mais desejo do que lógica. Honestamente, você conhece alguém dotado de conhecimento o suficiente para elencar evidências empíricas suficientes para embasar uma análise completa de custo-benefício em cada um desses casos? Duvido. O argumento que verdadeiramente leva à convicção, nestes casos, é simples: “Por causa da liberdade”

Não é que haja algo errado com isso. “Por causa da liberdade” não é o único argumento político dotado de substância moral. Mas, verdade seja dita, é um dos melhores.

Bryan Caplan é Ph.D em Economia pela Universidade de Princeton e professor da George Mason University. É um dos autores do EconLib, blog onde foi publicada a versão original deste texto. Você pode acessa-la aqui.

Compartilhar