• Inicial
  • Quem somos
    • Manifesto
    • Equipe
    • Fale com o Mercado
  • Categorias
    • Filosofia
    • Política
    • Economia
    • Cultura
    • Direito
    • Internacional
    • Gênero & Sexualidade
    • Urbanismo
  • Pesquisa
    • Mini-MIM: Modelo de Previsão Macroeconômica
    • Notas de Políticas Públicas
  • Imprensa
Instituto Mercado Popular
Ecologia 12

Ser contra os transgênicos é como ser contra as vacinas: anticientífico!

Por Davi Lyra Leite @davilyra · Em 07/06/2015

Existem alguns temas em ciência cujo consenso é claro e cujos argumentos contrários normalmente se baseiam em pseudofatos e narrativas. Dois deles são a segurança das vacinas e dos transgênicos.

Apesar de todo clamor dos movimentos antivacina nos EUA e na Europa, não há nenhuma base científica para se duvidar que vacinas são seguras, eficientes e uma das maiores conquistas da humanidade ao longo do século XX. Sem elas, provavelmente, as expectativas de vida ao nascer ao redor do globo ainda estariam na casa dos 40 a 50 anos — e talvez fossem ainda mais baixas por conta da facilidade de transmissão de doenças infecto-contagiosas em ambientes urbanos quando comparados a zonas rurais.

Nessa mesma linha, temos as discussões sobre a segurança dos transgênicos — ou organismos modificados geneticamente. Por milênios a natureza sozinha e aleatoriamente fez o processo de modificação genética de materiais em que apenas o mais apto permanece — a teoria da evolução se baseia nesse princípio. Isso se dá com a adaptação de espécies animais e vegetais a ambientes inóspitos, resultando na sobrevivência de apenas algumas espécies. Posteriormente, o ser humano começou a desenvolver esse processo e assim surgiram as várias raças de cães e gatos, o gado, os porcos, as galinhas e outros tantos animais domésticos e de convívio com o ser humano que vemos hoje. A grande diferença é que a partir do século XX, com o avanço da ciência, o ser humano aprendeu a controlar parte desse processo de alteração genética e promover modificações a fim de obter alimentos mais nutritivos, mais fáceis de se cultivar, e mais baratos de se produzir.

Os transgênicos, juntamente a alguns fertilizantes e técnicas de irrigação, são responsáveis por alimentar bilhões de pessoas e animais todo dia, assim como permitir que as áreas de cultivo vegetal sejam reduzidas — minimizando significativamente o impacto humano sobre o meio ambiente — num processo chamado revolução verde. Essa revolução foi co-responsável, juntamente com a liberalização de mercados ao redor do mundo, por retirar bilhões de pessoas da pobreza e da desnutrição desde 1950. Só isso já seria algo significativo para dar bases ao discurso favorável aos transgênicos, mas os benefícios vão além. Graças a vegetais mais resistentes a pragas, foi possível diminuir significantemente o uso de agrotóxicos que serviam para matar as pragas afetando a lavoura — ou substitui-los por químicos menos tóxicos e de mais rápida decomposição — , consequentemente reduzindo a contaminação de alimentos, lençóis freáticos e vegetação nativa.

Além disso, devido a sua maior eficiência produtiva, os transgênicos tornam sistemas como agricultura familiar sustentáveis, permitindo que várias pessoas — se quiserem — consigam subsistir no campo sem depender de transferências de renda forçadas pelo governo. Isso já conseguiria melhorar significativamente a condição de vida de diversos micro e pequenos produtores rurais no Brasil, na África e no subcontinente indiano — sendo totalmente contrário ao que grupos como o MST e a Via Campesina “pregam”.

Entretanto, alguns ativistas dizem que é necessário seguir o princípio da prudência e manter os rótulos com indicativos de modificações genéticas. Todavia, eles desconsideram toda a gama de evidências favoráveis aos transgênicos. Não há algo em tecnologia biológica mais profundamente estudado e avaliado do que o uso de modificações genéticas para melhoria da agricultura e pecuária. O que os grupos que advogam por pseudociência buscam como resultado é que companhias que usem modificações genéticas em seus alimentos percam consumidores devido ao medo a ser gerado com publicidade negativa .

Ressalto, não há nenhuma evidência científica contrária a alimentos geneticamente modificados. Mas há sim evidências científicas de que falta de nutrientes e excesso de pesticidas fazem muito mal, e os transgênicos ajudam a resolver esses dois problemas.

Ao tornar alimentos mais baratos devido a aumento de produtividade e redução de custos por hectare cultivado, os transgênicos permitem que pessoas mais pobres tenham acesso a alimentação mais nutritiva e mais natural, pois não precisam depender apenas de comida industrializada. Os transgênicos possibilitam que alimentos sejam cultivados em lugares remotos, permitindo que populações isoladas tenham acesso a novas e mais variadas formas de alimentação. Eles permitem que menos água seja usada na agricultura e pecuária, disponibilizando água potável para uso doméstico e mesmo para fins ambientais. Além disso, ao reduzir a área cultivada para plantio e o uso de pesticidas, eles reduzem significativamente o impacto ambiental da atividade agrícola. Então, se você é favorável a melhor alimentação para todos, preços mais baratos especialmente para os mais pobres e menos impacto ambiental da atividade agrícola, você deve ser favorável aos transgênicos.

Se você prefere alimentos orgânicos por achá-los mais gostosos, por acreditar que vale a pena incentivar os produtores locais ou por qualquer outro motivo, sem problemas. Mas se vamos fazer políticas públicas, que façamos com evidência científica. Nesse sentido, transgênicos e vacinas fazem muito bem. Ir contra eles é advogar por manutenção das condições sofridas dos mais pobres e por mais dificuldades para se construir uma vida mais digna e um mundo mais próspero. O que faz mal e mantém a fome nessa história toda não são os transgênicos, mas sim o governo e suas regulamentações.

Compartilhe:

  • Facebook
  • Reddit
  • Twitter
  • Google
  • Pinterest
  • LinkedIn
  • Imprimir

Comentários

ciênciadavi lyratransgênicosvacinas
Compartilhar Tweet

Davi Lyra Leite

Davi Lyra Leite é engenheiro com interesses em medicina de precisão, modelos de gestão de sistemas de saúde, tecnologia biomédica e educação. É formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília, onde foi membro fundador da Aliança pela Liberdade e pesquisador. Atualmente, faz doutorado em Engenharia Biomédica na Universidade do Sul da Califórnia, onde desenvolve pesquisas em engenharia de tecidos e modelagem de doenças cardiovasculares, e participa de grupos de discussão em política e economia.

Você também pode gostar

  • Ecologia

    Saneamento básico: A agenda do século 19 que o Brasil ainda não enfrentou

  • Ecologia

    Aquecimento global: 3 motivos para ser cético (e porque provavelmente estão errados)

  • Ecologia

    Como uma vida mais natural pode contribuir para a destruição da natureza

Curta nossa página no Facebook

Últimas publicações

  • Em 5 minutos e sem juridiquês: entenda a confusão sobre o julgamento de Lula no STF

    09/04/2018
  • Estudo expõe machismo nos Supremos – o mesmo que vimos no julgamento de Lula

    06/04/2018
  • A derrocada do Rock influenciou a venda de guitarras do Brasil? Veja os dados.

    24/03/2018
  • Mais armas, mais crimes: por que mudamos de ideia. Veja os dados.

    20/03/2018
  • Como melhorar FIES, ProUNI e acesso dos mais pobres à universidade

    17/03/2018
  • Por que exportamos mais soja do que navios, apesar de BNDES e FIESP

    12/03/2018
  • O Brasil está mais corrupto? Não é bem assim

    22/02/2018
  • Saneamento básico: A agenda do século 19 que o Brasil ainda não enfrentou

    17/02/2018
  • Reforma da Previdência: Um Guia para Não-Economistas

    07/02/2018
  • As manchetes sobre o relatório da Oxfam são confiáveis? Veja os dados.

    22/01/2018
  • O gás subiu, a inflação está baixa e não há indício de manipulação

    16/01/2018
  • O que o negacionismo climático ensina sobre reforma da previdência

    13/01/2018
  • Quatro passos para se desfiliar de um partido político

    07/01/2018
  • A crise brasileira não foi causada por austeridade

    04/01/2018
  • E os melhores amigos da desigualdade em 2017 foram…

    03/01/2018
  • Em busca de cliques, imprensa desinforma sobre desemprego em novembro

    28/12/2017
  • A “verdade politicamente incorreta” publicada no Mises Brasil era só incorreta

    26/12/2017
  • O PSOL é o retrato da elite brasileira

    22/12/2017
  • Esqueça as ideologias: o que a ciência já descobriu sobre pessoas trans

    17/12/2017
  • Internet agora é coisa de preto – e isso revolucionou a luta anti-racismo

    20/11/2017
  • A desigualdade regional no Brasil não é o que você pensa

    14/11/2017
  • Funcionários públicos ganham mais do que trabalhadores do setor privado? Veja dados

    14/11/2017
  • No Chile, dar mais universidade gratuita piorou acesso dos mais pobres

    12/11/2017
  • Partidos políticos perdem por não investirem em ética

    10/11/2017
  • David Blaine e a reforma da Previdência

    06/11/2017
  • Por que “os verdadeiros” liberalismo e socialismo estão errados

    30/10/2017
  • “Direitos Humanos”, desculpa fácil para calar quem incomoda

    29/10/2017
  • O obscurantismo antidéficit chegou ao Senado. Quem vai pará-lo?

    25/10/2017
  • O Brasil está ficando velho – e mais rápido do que imaginávamos

    22/10/2017
  • Como a imprensa desinformou sobre a nova taxa de bagagem

    20/10/2017
  • Inicial
  • Quem somos
    • Manifesto
    • Equipe
    • Fale com o Mercado
  • Categorias
    • Filosofia
    • Política
    • Economia
    • Cultura
    • Direito
    • Internacional
    • Gênero & Sexualidade
    • Urbanismo
  • Pesquisa
    • Mini-MIM: Modelo de Previsão Macroeconômica
    • Notas de Políticas Públicas
  • Imprensa

Sobre o Mercado Popular

O Mercado Popular é uma organização dedicada à divulgação de ideias, atitudes, estudos e políticas públicas que promovam uma sociedade aberta, próspera e tolerante.

O MP acredita e busca promover a ideia de que historicamente a economia livre e a garantia das liberadades individuais são, em conjunto, o melhor caminho para emponderar os mais vulneráveis socioeconomicamente, para a promoção da paz, cobate à pobreza e violência, enfrentamento à intolerância de gênero, raça ou orientação afetiva.

Em resumo, para nós, a liberdade é um aliado da justiça social.

Categorias

  • Análise econômica do Direito (12)
  • Caos Planejado (13)
  • Cultura (103)
  • Direito (112)
  • Ecologia (4)
  • Economia (232)
  • Economia em 5 minutos (5)
  • Educação (8)
  • Empreendedorismo (1)
  • Fact-Checking (1)
  • Filosofia (102)
  • Gênero & Sexualidade (25)
  • Hangout (4)
  • História (66)
  • Internacional (131)
  • Política (305)
  • Políticas Públicas (58)
  • Tecnologia (11)
  • Uncategorized (21)
  • Urbanismo (26)
  • Vídeos (22)

Doações

Se você gosta do nosso coletivo, apoie-nos doando bitcoins.

Bitcoin

Carteira Bitcoin:

1MXVas9Q9EmZcmKe5ge1Ub7xvubJU5viNx

Aceitamos papel moeda, também:

Buscar

ATENÇÃO: Se a gente descobrir que você está republicando conteúdo daqui sem autorização, nós vamos descobrir seu endereço e te mandar um cartão de agradecimento.