Assim como os filmes na década de 80, a polêmica envolvendo o aplicativo Uber e os taxistas até demorou, mas enfim chegou ao Brasil. Depois de instigar um debate público em algumas metrópoles ao redor do mundo, o impasse entre quem quer trabalhar como motorista no Uber e os donos dos alvarás de táxi tomou conta de algumas das principais câmaras de vereadores do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Em um vídeo-reportagem produzido pela revista Carta Capital, um líder sindical dos taxistas chegou a comparar a operação do Uber no Brasil com a invasão do exército americano no Iraque. E talvez você também se questione: Por que alguém deveria apoiar uma mega-corporação americana na luta contra os taxistas?

Por isso, fiz essa lista com cinco exemplos de como aplicativos como o Uber atendem ao interesse público, especialmente dos trabalhadores, e não apenas dos megainvestidores que controlam a empresa.

1. Inovações tecnológicas não geram desemprego, mas justamente o contrário: elas melhoram a qualidade de vida das pessoas

Formalmente, o desempregado é definido como “pessoa que busca porém não consegue obter emprego por no mínimo 1 hora semanal”.

Séculos atrás, não trabalhar era uma opção apenas para ricos, mesmo na infância ou na velhice. Hoje, a cada 100 brasileiros, 55 estão empregados, 3 estão desempregados, e os 42 restantes são aposentados, crianças, adolescentes, estudantes, etc.

A porcentagem de seres humanos que trabalham ou procuram emprego é menor do que jamais foi no passado. Isso acontece por um motivo simples: a produtividade de cada trabalhador cresceu imensamente nos últimos séculos, sendo possível para a população sair do campo e ir para as cidades, buscar uma vida com maior conforto. Menos trabalhadores são necessários para produzir cada vez mais riqueza. E a tecnologia, obviamente, foi essencial nesse processo.

Não acredita? Talvez você deva se questionar se os e-mails, que diminuíram muito a demanda por carteiros, tornaram as pessoas mais ricas ou pobres.

2. O Uber obriga os governos a reverem seu modelo de concessões no transporte

Para saber se rever o modelo atual seria bom, basta responder a seguinte pergunta:

Para trabalhar com taxi, uma pessoa deve assegurar que tem capital e tempo para atender bem os clientes ou assegurar “bons contatos” com pessoas que a prefeitura escolheu para serem donas de licença de táxis?

Não parece difícil se opor a um conluio que eleva os preços pagos por todos em benefício de uns poucos amigos do poder, não é?

3. Quando passam a trabalhar com o Uber, os motoristas elevam sua renda e passam a ter maior liberdade sobre seu tempo

Quase todo mundo gostaria de viver numa sociedade onde todo trabalho é voluntário e tem como objetivo satisfazer um nossos desejos. Claro que uma sociedade assim parece utópica, mas o primeiro requisito para chegarmos a ela é garantir que cada trabalhar tenha controle sobre o seu próprio tempo de trabalho.

Um mundo onde todos sejam exclusivamente donos do seu tempo ainda é uma realidade bastante distante, na medida em que todos temos de cumprir rotinas para obter o básico, como moradia, alimentação, educação ou saúde. O Uber, assim como outras tecnologias, aumenta as opções que os motoristas têm para dividir suas rotinas entre lazer e trabalho da forma mais racional possível.

Uma hora de trabalho agora me proporcionará quantas horas futuras de lazer? Aqueles que trabalham com o Uber certamente sabem responder esta questão.

4) Maior satisfação do cliente

Imagine duas situações:

Na primeira, você é um prestador de serviços que precisa cumprir uma rotina de trabalho para sobreviver. Na segunda, você é apenas um indivíduo que, de própria vontade, decidiu que determinado tempo disponível pode ser mais útil se empregado em um trabalho sem rotina específica.

Em qual situação você acredita que encontrará trabalhadores mais dispostos e satisfeitos? Considere ainda que na primeira situação o indivíduo possui uma carta de exclusividade para lhe oferecer um serviço, independente de você aprova-lo ou não.

5) O Uber reduz monopólios artificiais

A prefeitura de São Paulo não emite novos alvarás para táxi. Por isso, quem quer trabalhar como taxista em São Paulo precisa comprar uma licença que, nas opções mais baratas, custa entre R$100 a R$200 mil. O preço da licença, ao fim das contas, é repassado para o consumidor – no caso, você.

O fato de julgarem-se donos de uma propriedade artificial, que existe apenas por determinação da prefeitura, é o que motiva os taxistas a se rebelarem contra quem ameaça seu “direitos de exclusividade”. Sob certo ponto de vista, eles pagaram por isto, mas é algo justo com toda sociedade? É justo que grupos organizados ganhem, graças a um papel da prefeitura, com algo que claramente prejudica toda a sociedade?

A nova era das tecnologias disruptivas, aquelas que não apenas mudam, mas criam mercados inteiramente novos, nos apresenta uma série de possibilidades, definir o que fazermos com elas é algo que certamente será debatido por todos, espero que você leitor possa saber posicionar-se.

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