Um estudo recente publicado no American Journal of Managed Care publicado no dia 18 de Agosto desse ano, e divulgado na revista Harvard Gazette no começo de Outubro, aborda um dos aspectos essenciais sobre sistemas socializados de saúde: o custo de oportunidade de esperar por cuidado médico.

Você já deve ter escutado diversas vezes como é mais justo ou mais bonitinho que todos fiquem na fila esperando para receber o atendimento médico, ao invés de termos um sistema em que algumas pessoas podem pagar e outras não. Normalmente, as mesmas mesmas pessoas que defendem esse discurso quase nunca comentam que há diversos casos em que os pacientes acabam não recebendo cuidado médico algum após meses ou anos de espera e acabam tendo complicações de suas condições de saúde por causa disso.

Mas a beleza desse novo estudo é que os pesquisadores foram capazes de calcular o custo de oportunidade da espera e compará-lo com o valor pago pelo atendimento de saúde efetivamente recebido e pago pelos pacientes.

Antes de entrar nos resultados obtidos, vale a pena lembrar o que é custo de oportunidade. Esse termo econômico, cunhado pelo economista austríaco Frederico von Wieser, se refere ao valor que seria obtido caso a pessoa escolhesse executar a melhor outra opção dentre ações mutuamente exclusivas que existem. Parece algo meio complicado, mas com um exemplo fica mais fácil de entender:

Imagine que João tem duas opções de ação mutuamente excludentes: ele pode jogar videogames o dia inteiro e com isso não ganhar nenhum real por isso, ou ele pode trabalhar na vendinha de Dona Maria e ganhar 20 reais pelo serviço. O custo de oportunidade de jogar videogame o dia inteiro são os 20 reais que ele deixaria de receber por não trabalhar na vendinha.

E como isso se aplica ao sistema de saúde?

Toda pessoa que precisa tratar uma doença ou fazer um check up anual abre mão de outras atividades que ela poderia realizar naquele intervalo de tempo — e com a aquele dinheiro. Mesmo que uma pessoa receba dispensa remunerada do seu trabalho por motivos de saúde — através do atestado médico –, ela ainda terá custos relacionados ao seu deslocamento, à sua espera pelo atendimento, ao seus riscos de contaminação por outras doenças em caso de se dirigir a emergência médica, entre vários outros. Essa conta fica ainda mais importante quando consideramos a situação de pais levando seus filhos para consultas médicas.

No caso do Brasil, essa informação é ainda mais relevante que nos Estados Unidos devido a organização do sistema de saúde que se baseia primordialmente em serviços do SUS, que a

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