Antes de mais nada, queria deixar claro que eu estou apoiando o Uber. Eu não esqueci as críticas que a empresa recebeu e até agora eu não vi uma resposta digna essas questões (se você viu, posta nos comentários). Até lá continuo utilizando os humildes ônibus. Mas, desse imbróglio todo justamente o que menos importa é o Uber. O que realmente importa é a tecnologia por detrás da marca e da empresa. Tanto é verdade que já surgiram empresas que competem com o Uber de diversas maneiras, e uma é plenamente capaz de, no futuro, ser mais eficiente, barata ou inovadora que o Uber e tomar a sua liderança desse mercado. Foi exatamente o que aconteceu com os sites de busca em que, anos atrás, o mercado era amplamente dominado pelo Yahoo! até o Google vir com tudo. E tem vários outros exemplos, estou na minha terceira empresa de email e foi difícil sair do Orkut e migrar para o Facebook, mas, agora, jamais pensaria em voltar. E só fiz essas mudanças porque essas empresas conseguiram inovar e fornecer algo diferente. O importante é a tecnologias podem nos oferecer e a tecnologia do Uber pode nos oferecer muito.

Uma tecnologia que de maneira segura nos permite aceitar e oferecer o serviço de motorista é revolucionária. Acredito que seja o primeiro passo para uma sociedade que não faça absolutamente nenhum sentido ter um carro ocioso em uma vaga. Os impactos ambientais, de mobilidade, urbanístico disso seriam gigantescos. Talvez chegará o dia que seja tão absurdo a existência de prédio garagem quanto é hoje ter a cidade fedendo a merda de cavalo de carruagem. O que importa é a tecnologia.

E importa por que essas tecnologias não surgem no Brasil. Dá pra dizer sem medo de ser feliz que a culpa não é do povo. Há brasileiros na criação de diversos projetos inovadores. Eduardo Saverim é cofundador do Facebook; Mike Krieger é um dos fundadores do Instagram; Marco gomes é criador da boo-box. E há vários outros exemplos. Se o brasileiro consegue ser inovador, onde está o problema? É aqui que o caso do Uber volta a ser ilustrativo. A violência e o corporativismo dos taxistas brasileiro mostram a patologia de uma sociedade que rejeita a inovação a favor de um grupo que não vai medir esforços para garantir os seus privilégios, a custas do resto da sociedade.  E isso fica mais claro na ação do Estado. Um Estado com um com um sistema tributário e uma alfândega que Kafka se recusaria ter o seu nome envolvido, que chega a reter doações a projeto científicos. Um Estado que tem um ministro da ciência e tecnologia que não rejeita consensos científicos. Um Estado que foi rápido no gatilho de pôr na ilegalidade o Uber assim que começou a ameaçar privilégios de grupos organizados.  Como se espera que tenham vários ‘Mark Zuckerberg brasileiros’ se eles não fazem ideia se as suas ideias e seu esforços vão ser admirados e celebrados ou vão ser mais uma vítima de uma parcela que prefere andar de carroça a perder os seus privilégios?

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