Conta-se que no meio do século XV, o banqueiro Johann Fust concedeu um empréstimo a um inventor alemão, exigindo-lhe em troca a participação nos lucros da sua sociedade. A empresa se chamava “Das Werk der Bücher”, algo que podemos traduzir como A Fábrica de Livros. O inventor alemão era Johannes Gutenberg, o pai da imprensa.
Ao que consta, Gutenberg não fora nenhum gênio, mas antes de tudo um homem de visão e execução. Seu pai trabalhou na Casa da Moeda em Mainz e, familiarizado com a manipulação de metal, Gutenberg concebeu a ideia de “caracteres móveis” – moldes de letras gravadas em chumbo. Além disso, vindo de uma região de vinícolas, Gutenberg adaptou prensas de vinho (equipamento utilizado para “ex-primir” o suco das uvas) com placas para alocar caracteres e papel. Por fim, um terceiro sócio, Peter Schoffer, ajudou-lhe a desenvolver uma tinta negra que não borrava a impressão. Estava pronta a primeira “prensa tipográfica”.
A invenção da prensa sem dúvidas mudou o mundo como poucas coisas até hoje. Na Europa pré-Gutenberg, as taxas de analfabetismos eram elevadíssimas e prevalecia a cultura da oralidade. Os livros, até então, eram escritos à mão e reproduzidos artesanalmente por especialistas, tornando-os caros e exclusivos às classes mais ricas. No entanto, com a prensa tipográfica de Gutenberg, a impressão em escala tornou os livros acessíveis e disponíveis para o público em geral, permitindo a Revolução Científica e o acesso de milhões a educação.
O impacto do empreendedorismo de Gutenberg não é um caso isolado. De Thomas Edison (fundador da General Eletric e inventor da lâmpada elétrica) a Larry Page (CEO do Google), podemos ter certeza: quando se fala em mudar o mundo, um empreendedor vale mil políticos. De fato, a gráfica do Sr. Gutenberg alfabetizou mais gente do que qualquer político no mundo. É nesse rastro que cada vez mais se defende o empreendedorismo com impacto social como alternativa ao Estado enquanto agente transformador da sociedade.
Os empreendedores são indivíduos com soluções inovadoras para as questões mais relevantes da sociedade. Atuando como empresas ou organizações não-governamentais, eles encaram demandas de mercado/sociais e oferecem novas soluções para a mudança em larga escala. Neste sentido, com o propósito de facilitar e assessorá-los, multiplicam-se as incubadoras e aceleradoras especializadas em empreendimentos sociais como a GoodCompany, Echoing Green Fellowship,Better Ventures ou o Unreasonable Institute.