Como se mais provas fossem necessárias para se comprovar os efeitos devastadores do salário mínimo, mais um estudo chegou à mesma conclusão. Na semana passada, os economistas William Even (Miami University of Ohio) e David Macpherson (Trinity University) divulgaram um estudo feito para o Employment Policies Institute (Instituto para Políticas de Emprego) de Washington, D.C. intitulado “Unequal Harm: Racial Disparities in the Employment Consequences of Minimum Wage Increases.” (em tradução livre, Dano Desigual: disparidades raciais no emprego como consequência de aumentos do salário mínimo)

Durante a Grande Depressão, a taxa de desemprego para jovens adultos (16 a 24 anos de idade) como um todo aumentou para 27%. A taxa de desemprego para jovens adultos negros foi quase de 50%, mas para jovens negros homens, foi 55%.

Even e Macpherson dizem que seria mais fácil afirmar que essa tragédia é um triste subproduto da recessão, mas se você o fizesse, você estaria errado. Seu estudo demonstra que aumentos no salário mínimo em ambos os níveis, federal e estadual, são parcialmente culpados pelo desemprego das minorias de jovens adultos.

Seu estudo foca em jovens (homens) de 16 a 24 anos que abandonaram os estudos no ensino médio, compreensivelmente um grupo relativamente inexperiente no mercado de trabalho. Dado que as leis sobre o salário mínimo discriminam os trabalhadores menos capacitados, não deveria surpreender o fato de que esses jovens são as principais vítimas.

Entre os brancos, os autores concluem que

cada aumento de 10% no salário mínimo federal ou estadual diminui o emprego em 2.25%; para hispânicos, o número é de 1.2%. […]

Mas entre homens negros nesse grupo, cada aumento de 10% no salário mínimo diminuiu o emprego em 6.5%.

Os autores prosseguem, dizendo: “o efeito é similar no que tange as horas trabalhadas (dos homens): cada aumento de 10% reduz as horas trabalhadas em 3% entre os brancos, 1.7% entre hispânicos, e 6.6% entre negros”.

Even e Macpherson comparam a perda de empregos causada por alto salário mínimo com a causada pela recessão e concluem que, entre 2007 e 2010, o emprego entre negros de 16 a 24 anos caiu para aproximadamente 34.300 como resultado da recessão; no decorrer do mesmo período, aproximadamente 26.400 postos de trabalho foram perdidos como resultado do aumento do salário mínimo nos 50 estados e a nível federal.

Por que jovens negros (homens) sofrem danos desiguais quando do aumento do salário mínimo? Even e Macpherson dizem que é mais provável que eles estejam em empregos menos qualificados em bares ou restaurantes. Esses são negócios com pequenas margens de lucro e mais adversamente afetados por aumentos no salário mínimo. Para homens de 16 a 24 anos sem um diploma de ensino secundário, 25% dos brancos e 31% dos negros trabalham nesses negócios. Compondo o peso da discriminação do salário mínimo, não discutido pelos autores, estão as diferenças entre as conquistas  educacionais entre negros e brancos.

A melhor forma de sabotar as chances de mobilidade ascendente para um jovem de uma família monoparental, que reside em uma favela violenta e que frequentou escolas de baixa qualidade é tornar não-lucrativo para qualquer empregador contratá-lo. A forma para conseguir tal resultado é obrigar um empregador a pagar para tal pessoa um salário que excede seu nível de capacidade.

Imagine que o nível de conhecimento de um trabalhador é tal que ele pode somente contribuir com US$ 5 do valor por hora de trabalho, mas o empregador deve pagar-lhe um salário mínimo de US$ 7,25 a hora, mais pagamentos obrigatórios tais como a Previdência Social, o seguro desemprego e o seguro de vida. Contratar tal trabalhador seria um absurdo. Se um empregador pudesse pagar àquele trabalhador de baixa capacidade o valor real de sua capacidade, ele teria, pelo menos, um emprego e uma chance de melhorar suas habilidades e ganhar mais no futuro.

As leis sobre o salário mínimo tem apoio político massivo, incluindo os políticos negros. Significa que muitos jovens negros permanecerão parte da permanente subclasse norte-americana com crime, drogas e prisão como seu futuro.

Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro.  // Artigo Original

 

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