Não é incomum que a esquerda e a direita brasileiras se degladiem sobre o motivo dos altos preços de certos produtos no país. Dos carros de passeio ao PlayStation 4, a culpa dos preços mais caros do Brasil seria, por um lado, dos altos impostos, dos encargos trabalhistas e da burocracia que as empresas precisam enfrentar. Por outro, os culpados seriam os gananciosos empresários e a “cultura do carro”, que vê o produto como um símbolo de status.

O argumento à esquerda mostra que, mesmo levando em consideração a carga tributária brasileira, o lucro das produtoras e revendedoras ainda é extraordinariamente alto, se comparado com outros países. Chega a 30% do valor de um carro! Várias explicações são dadas, da ganância dos empresários brasileiros à cultura de “ostentação” do brasileiro. Ter um carro novo ou o último modelo do videogame seria símbolo de status, e portanto as preferências subjetivas do consumidor fazem aumentar o preço final.

Contudo, essa retórica cai facilmente em tautologias e argumentos vazios. Para descobrir a causa dos preços altos do Brasil, é preciso entender uma lição econômica básica: os preços são resultado da interação entre oferta e demanda. Em outras palavras, apontar que o “lucro Brasil” é alto não explica o preço de um produto. É um truísmo observar que o preço dos carros é constituído por custo de produção, impostos e lucro; mais difícil é entender por que o lucro é tão

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