Já mostramos aqui que o empreendedorismo ajuda a transformar países, combatendo a pobreza e os tornando mais prósperos. A crise, inclusive, tem estimulado a criação de inúmeros novos negócios no Brasil, cuja taxa de empreendedorismo alcançou quase 40%.

Além disso, nomes como Jorge Paulo Lemann, Flávio Augusto, Abílio Diniz e Roberto Justos estão entre os líderes mais admirados por jovens brasileiros, o que pode impulsionar ainda mais esses números.

Aliado a isso, há um movimento acadêmico que vem ganhando força no país e pode ser decisivo na formação de agentes de transformação para um Brasil mais empreendedor, que merece ser melhor conhecido.

Tudo começou no final da década de 70 estudantes parisienses, diante da necessidade de ter conhecimento prático de ferramentas utilizadas no mercado de trabalho que até então estudavam apenas na teoria, decidiram criar uma empresa sem fins lucrativos e com orientação de um professor. A ideia empreendedora aos poucos difundiu-se pelo mundo, chegando ao Brasil em 1988.

Uma empresa júnior trata-se, portanto, de uma associação civil sem fins lucrativos e com finalidade educacional, sendo composta por estudantes, por sua vez auxiliados por professores. Ao transportarem a academia ao mundo empresarial, as empresas juniores tornam-se um mecanismo de formação profissional: a parte teórica da sala de aula é posta em prática por meio de projetos internos e externos. Esse processo é perceptivelmente primordial para despertar o espírito empreendedor em universitários. Logo, as empresas juniores (EJs) possuem relevante contribuição nesse processo.

Atualmente é um movimento consolidado e organizado internacionalmente, havendo no Brasil diversas federações estaduais e uma confederação nacional, a Brasil Júnior.

Para se ter ideia dos resultados do movimento, há empresa júnior que já atingiu um faturamento anual de meio milhão de reais. O movimento em 2014, formado por 427 empresas juniores federadas, geraram, por meio de seus quase 10 mil membros, mais de 13 milhões de reais.

pib junior

Esses valores foram obtidos na realização de 2640 projetos externos realizados pelos estudantes e com orientação de professores. Os principais contratantes são microempresas e empreendedores que estão começando seus negócios. A principal vantagem é que o custo é mais baixo que o mercado, por ser uma atividade voluntária, o que ajuda a desenvolver novos empreendimentos e pequenas empresas locais.

empresas que compram

Apesar da relevância mencionada, dos números significativos e dos benefícios profissionais para os membros, dos 7,3 milhões de estudantes universitários, apenas 10 mil fazem parte do Movimento Empresa Júnior. Notadamente há muito potencial ainda para crescimento e isso poderia ser estimulado a partir de políticas públicas.

Vale ressaltar que o Movimento Empresa Júnior não conta com privilégios governamentais,  como empréstimos, subsídios ou protecionismo. Mas também não há nenhum tipo de incentivo, como facilitação para a obtenção de um CNPJ, por exemplo, um procedimento muito burocrático e custoso para a iniciação de uma empresa júnior.

Atualmente, há um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional que disciplina a criação e a organização das empresas juniores. Ele pode ser a porta de entrada para a criação de diversas políticas públicas para estimular a criação de empresas juniores a partir de medidas que não teriam custos significativos para a máquina pública, como por exemplo a inclusão de empresas juniores no art. 8, § 1º da Lei 9.099/95, permitindo essas associações de proporem ações perante o Juizado Especial.

Os membros de empresas juniores vivem um universo propício para  criação de fortes valores, como meritocracia, compromisso com resultados, a sinergia, transparência e postura empreendedora. Assim, as empresas juniores são formadoras de uma classe empresarial diferenciada e geradora de novos negócios. Além de estimularem o empreendedorismo, o fazem tendo como princípios norteadores bases que podem transformar um país. Para um país que deseja voltar a crescer, trata-se de um potencial que precisa ser melhor explorado.

[1] Os dados que se basearam essa reportagem foram originados do Censo Identidade da Brasil Júnior, disponível em: http://brasiljunior.org.br/arquivos

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