O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda (22): “dos movimentos de hoje, que surja um partido melhor que o PT, mas que surja. Porque quando se nega a política, o que vem é muito pior”. Conforme publicado no Instituto Lula, o ex-presidente fazia referência ao meteórico partido espanhol Podemos.  Nascido dos protestos que empurraram milhares de cidadãos espanhóis (“los indignados”), em 2011, o Podemos  é um fenômeno na Europa e em menos de uma semana se tornou o partido mais seguido nas redes sociais do país. Clamando por uma nova política e transparência, o Podemos vive, contudo, sua primeira grande crise.

De acordo com as contas registradas junto ao Ministério da Cultura espanhol, a Fundação Centro de Estudios Políticos y Sociales (CEPS) – em cujo conselho executivo estiveram os três principais líderes do Podemos (Pablo Iglesias, Luis Alegre Inigo Errejón) – recebeu desde 2002 pelo menos, € 3.700.000 do Governo de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Em alguns exercícios, os honorários pagos pelo governo venezuelano à fundação superam 80% da renda da entidade sem fins lucrativos, criada em 2002 para promover a “redistribuição da riqueza”. O CEPS e o Podemos possuem múltiplos contratos vigentes.

O financiamento do governo venezuelano não parou por aí. Juan Carlos Monedero (número três do Podemos e mão direito do líder, Pablo Iglesias) recebeu ao fim de 2013 um total de 425.150 euros, que declarou como renda da sociedade Caja de Resistencia Motiva 2, registrada em seu nome poucos dias antes de receber o dinheiro bolivariano. Monadero explicou que o dinheiro é o pagamento de uma consultoria feita em 2010 a pedido dos governos da Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua sobre a possibilidade de criação de uma moeda comum. Monedero não apresentou faturas ou comprovantes. Tampouco explicou o porquê do serviço ser pago três anos depois, justo quando da fundação do Podemos.

O Podemos foi formado há apenas um ano, mas chamou atenção ao ganhar cinco assentos nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio e expressivas vitórias nas eleições municipais e regionais. Em Barcelona, segunda maior cidade do país, o partido foi o grande vencedor e elegeu como prefeita a ativista antidespejo e estreante na política Ada Colau. A agenda do partido é marcada pela luta antiausteridade.

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