O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou no dia 20 de agosto ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nas denúncias, o procurador-geral pede a condenação do Presidente sob a acusação de ter cometido crime de corrupção e lavagem de dinheiro, exigindo a devolução de US$ 40 milhoes de dólares.
Eduardo Cunha teria recebido propinas para facilitar a contratação de empresas para a construção de navios-sonda da Petrobrás. O deputado rebateu dizendo que é “absurdamente inocente” e que considera “estranho” que ele seja o primeiro denunciado pela PGR, uma vez que há pelo menos 53 parlamentares investigados pela Operação Lava Jato. Para ele, Janot e Dilma jogam a crise ao Congresso Nacional e, na mesma tacada, evitam o Impeachment.
Como Cunha deixou o recado: não irá renunciar à presidência. PSOL, PT e PPS já discutem como afastá-lo e uma eventual perda de mandato. Se o Conselho de Ética receber representação contra Eduardo Cunha, o colegiado deverá indicar um relatpr para um procedimento preliminar. Havendo indícios para prosseguir com as investigações, será apresentado relatório defendendo a abertura a um processo disciplinar, que deverá ser votado em plenário. Seja qual for a sanção – advertência à perda de mandato – deverá ser aprovada pela maioria da Câmara, isto é, 257 votos.
Na hipótese de afastamento de Eduardo Cunha, quem assume é o vice, Waldir Maranhão (PP-MA), ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão. O vice já foi citado por Alberto Youssef na Lava Jato, como sendo um dos receptores de propina do PP no esquema de corrupção da Petrobrás. Caso Cunha resolva se afaste permanentemente da presidência, caberia a Maranhão convocar novas eleições.
Para quem acha que o afastamento de Cunha seria o suficiente para adormecer o projeto de impeachment, é bom conhecer Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), provável sucessor na presidência. Ex-governador e senador por Pernambuco, Jarbas é fundador do PMDB e pupilo de Ulysses Guimarães. Junto a Pedro Simon (PMDB-RS) e outros gastos pingados, forma a chamada “banda ética do PMDB”. Oposicionistas, sim – mas não ao lado de Cunha.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o deputado pernambucano pede a renúncia do correligionário. Vasceonlos em diversos momentos tem deixado clara sua aversão a Cunha. Fala em quebra do devido processo legislativo e que, sob acusações, Eduardo Cunha não estaria em condições de presidir a Câmara Federal e muito menos um processo de impeachment.
Por outro lado, em recente entrevista à Globo News, Jarbas deixa o recado: se não renunciar, Dilma vai para o Impeachment. Concordando que o impeachment “é um processo traumático, doloroso, que deixa precedente”, ele acrescenta: “pedalada é uma das maiores imoralidades que eu vou conhecer nos meus 45 anos de vida pública” e que o impeachment “será inevitável se ela não sair antes”. Para Vasconcelos, “é um governo insustentável”.
Para além do Impeachment, em entrevista ao Jornal do Commercio de Pernambuco, o o deputado disse:
“A presidente mente que a crise é passageira e precisa reconhecer sua fragilidade. O Brasil precisa partir para um entendimento sem ela e uma renúncia seria menos traumática do que um impeachment”.
“Precisamos aprovar o governo de coalizão em torno de Michel Temer e ter em mente que não podemos contar com o PT pra nada, já que esse partido está no fundo do poço. No entanto, Dilma não pode sofrer o impeachment com Cunha na Câmara, isso seria desmoralizante para o Brasil. Cunha precisa sair com ela ou antes dela”, afirmou o Jarbas.
Ferrenho opositor do governo, o deputado participou de um jantar três dias antes das manifestações, na quinta-feira 13 de agosto, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB).