No dia 29 de setembro ocorreu o último debate do 1º turno entre os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro. Muito mais do que os anteriores, que tiveram poucas acusações e ataques incisivos entre os candidatos, neste a agressividade marcou o tom do debate, provavelmente pela chance de chegar ao 2º turno, atualmente disputado voto a voto pela maioria dos pleiteantes. Entre os enfrentamentos, cinco candidatos se destacaram, dois favoravelmente e três de forma desfavorável.

Vitorioso: Marcelo Freixo

O candidato do PSOL foi o vitorioso absoluto do debate. Conseguindo provocar Pedro Paulo, candidato a sucessão do atual prefeito. Freixo foi incisivo e altamente agressivo nas críticas à atual gestão, além de pontuar fortemente – junto aos outros adversários – o caso de agressão doméstica do candidato do PMDB. Ao ser criticado de volta, tendo sido citado o caso de seu assessor, que também foi acusado do mesmo crime, Freixo afirmou tê-lo exonerado logo após a denúncia, transmitindo a imagem de integridade. Possivelmente, após sua performance, conseguirá conquistar votos da esquerda universitária, disputados por Jandira Feghalli, e de setores do centro que estavam se dividindo entre Índio da Costa e Osório.

Vitorioso: Alessandro Molon

Falando diretamente com os eleitores e apostando no debate de propostas, Molon surpreendentemente se destacou nas redes sociais, mas por um motivo pouco usual – seus olhares e expressões faciais. Sua postura e aparência conseguiram chamar a atenção do público. Com isso, o candidato logrou, ainda que talvez tarde demais, evidenciar sua candidatura, que se encontrava ainda pouco conhecida pela população.

Derrotado: Pedro Paulo

Mais uma vez, Pedro Paulo é sucessivamente atacado por seus adversários, na tentativa de tirá-lo do 2º turno, atualmente o cenário mais provável. As críticas mais agressivas vieram dos candidatos Freixo e Crivella, este último se concentrando na corrupção do PMDB, citando nominalmente Eduardo Cunha. Pedro Paulo tentou responder no mesmo tom, falando da aliança do candidato do PRB com o ex Governador Garotinho, altamente rejeitado na cidade. Já com Freixo, apostou na associação de sua candidatura com a esquerda da Zona Sul, falando que este deveria “sair da São Salvador”, praça frequentada pela alta elite progressista carioca. Em nenhum momento, portanto, conseguiu defender a si mesmo, mas arranhar as intenções de voto dos adversários, o que pode ter obtido algum sucesso, ainda que limitado.

Derrotado: Flávio Bolsonaro

Apostando no modelo de debate da Globo, no qual poderia escolher a quem perguntar sem se preocupar com ordem ou repetição, Bolsonaro surpreendentemente evitou os embates, tendo em vista seu fracasso nos debates anteriores. Com isso, ficou em uma “dobradinha” com Marcelo Crivella, falando do Escola Sem Partido e do armamento da Guarda Municipal. Porém, sendo ainda fortemente associado ao seu pai, uma figura vista como forte por sua agressividade, Flávio transmitiu mais uma vez imagem de fraqueza. Como já salientado aqui, parece que o perfil de políticos como Bolsonaro, apesar de atraírem parcela do eleitorado, não tem se mostrado efetiva nas eleições majoritárias.

Derrotada: Jandira Feghalli

A candidata do PCdoB e PT, após uma rápida ascensão e posterior queda das intenções de voto há uma semana, apostou também na agressividade e no embate contra Pedro Paulo e a própria Rede Globo. Porém, não soube responder bem às réplicas, e, tendo tido direito de resposta negado, ensaiou não aceitar a decisão, passando fragilidade e mau gênio. Assim, ao longo do debate foi se apagando, tentando forçar sem sucesso a nacionalização das questões, no mesmo tom dos outros.

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