Esse texto tem o objetivo de ser curto, mas provocativo. Antes de ventilar preconceitos, vale a pena a gente fazer uma pergunta: “qual a probabilidade de um muçulmano ser um terrorista?” Felizmente, a estatística, com ajuda de algumas extrapolações, ajuda a gente a chegar em algumas aproximações.
De acordo com os princípios de inferência bayesiana, podemos saber qual a probabilidade de um muçulmano ser terrorista se tivermos acesso a três informações:
Ou, em notação probabilística:
Como podemos estimar cada um dos termos?
Provavelmente esse número exagera pra cima. Mas, mesmo que ele fosse certo, isso significaria que a gente estaria julgando 99,994% dos muçulmanos pelos atos dos 0,006%.
Isso faz sentido? O ponto importante é entender que, mesmo que a probabilidade de um terrorista ser muçulmano seja altíssima, a probabilidade de um muçulmano ser terrorista é muito baixa. Faz pouco sentido, portanto, culpar “os muçulmanos”.
“Os muçulmanos”, como um bloco único, não existem. O Marrocos é completamente diferente da Arábia Saudita. A Indonésia é completamente diferente do Irã. O Quirguistão é completamente diferente da Nigéria. E, dentro de cada um desses países, existe também uma diversidade dentro da própria população. Existem países que têm governos terríveis por uma mistura de irracionalismo religioso e complicações geopolíticas. Mas o mundo islâmico não é homogêneo e a gente precisa entender isso pra debater seriamente. Além disso, é importante ter em mente que a imensa maioria das vítimas do terrorismo são muçulmanas. Veja no gráfico abaixo. Culpar “os muçulmanos” quando eles são as maiores vítimas do terror não faz muito sentido.
Terroristas são monstros que devem ser punidos com o maior rigor. Mas é importante lembrar que a responsabilidade moral de atos de terror é dos terroristas – e não da imensa maioria de pessoas pacíficas que compartilha de uma característica específica com esses monstros.