Por Dylan Matthews

Tradução por Pedro Galvão de França Pupo, original aqui.

imigração

Imigrantes tentam pular a cerca para Meliha, um território espanhol na costa marroquina.

Publicada pelo grupo humanitário Prodein (Jose Palazon Osma/AFP Photo/Prodein)

A foto acima mostra imigrantes tentando entrar em Melilha – uma cidade que ainda é controlada pela Espanha, mas que fica em território marroquino. O motivo é óbvio. Melilha tem um PIB per capita de €16.426 (aproximadamente $20.800 (NT: ou R$51.480) nas taxas de câmbio de hoje). Isso é baixo para a Espanha, mas quase sete vezes maior que o índice marroquino ($3.109). E os moradores (ou, talvez, turistas) jogando golfe na foto estão se saindo ainda melhor.

Se eles conseguirem atravessar a fronteira e as autoridades permitem que eles fiquem, os imigrantes não vão estar somente um pouco melhor, mas muito, muito melhor. Talvez não sete vezes melhor, mas esse número não está muito longe da realidade. É um fato estabelecido que trabalhadores em países desenvolvidos ganham muito mais do que trabalhadores em países em desenvolvimento realizando m mesmo trabalho. Os pesquisadores Michael Clemens, Claudio Montenegro e Lant Pritchett, do Centro para Desenvolvimento Globao, estimam que se o trabalhador médio do Iêmen ou da Nigéria se mudasse para os EUA e fizesse o mesmo serviço eles ganhariam aproximadamente 15 vezes mais:

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(Fonte: Clemens, Montenegro e Pritchett, com cálculos adicionais de Clemens, 2014)

Melilha é mais pobre que os Estados Unidos, mas o Marrocos é quase tão pobre quanto a Nigéria. Os ganhos devem ser consideráveis. Os ganhos são tão grandes, na verdade, que modelos econômicos tentando estimar o impacto de fronteiras mundiais completamente abertas sugerem que a medida iria aumentar o PIB mundial de 50 a 150%, e muito disso iria beneficiar as pessoas mais pobres do mundo, tanto pela sua própria migração quanto pelo dinheiro que enviariam para suas famílias.

Então por que não deixamos que as pessoas fiquem? Não é muito claro. O argumento de que a imigração traz prejuízos econômicos para países ricos como Estados Unidos e Espanha é tão fraco que nem mesmo seus adversários costumam utilizá-lo. O argumento de que a imigração prejudica trabalhadores com produtividade baixa é muito disputado, e de qualquer forma pode ser resolvido através de programas de transferência de renda dentro de países ricos. O argumento econômico contra a imigração só faz sentido se você está disposto a atribuir um peso negativo ao bem-estar de estrangeiros.

Considerando que é uma medida com uma fundamentação tão fraca, é estranho que tanto esforço seja gasto em sua manutenção. Os Estados Unidos gastam bilhões de dólares todos os anos em guardas armados, aviões e drones para garantir que os pobres do mundo continuem pobres. Não foi sempre assim – as fronteiras dos EUA e da Europa eram mais ou menos abertas até a Primeira Guerra Mundial – e não tem que ser assim no futuro. Nós podemos, se nós quisermos, “acelerar para o mundo do futuro onde todos podem ter um padrão de vida de primeiro mundo”, como Bryan Caplan diz. E isso começa derrubando a cerca que mantem os migrantes fora de Melilha.

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Agradecimentos a Matt O’Brien por nos mostrar a foto.

 

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