Por Ed Dolan

Tradução por Pedro Galvão de França Pupo, publicado originalmente aqui

[Nota do Editor: Recentemente, o texto “Fósforo e Liberdade” de Krugman, que critica os libertários, foi veiculado em português pela Folha de São Paulo; desse modo, válida a publicação do texto abaixo, mostrando como Krugman está errado em sua avaliação sobre a relação entre o libertarianismo e o meio ambiente]

Paul Krugman atacou novamente em um artigo de opinião extremamente ignorante falando de libertários e o meio ambiente, “Fósforo e Liberdade” . Como sou autor de um livro sobre a perspectiva libertária de políticas ambientais, eu gostaria de responder.

O fósforo entra na história na forma de resíduos agriculturais que poluem o Lago Erie, e que recentemente contaminaram a água que abastecia a cidade americana de Toledo, tornando-a imprópria para o consumo humano. Krugman joga a culpa desse tipo de coisa nos libertários, que de acordo com ele defendem uma ideia de liberdade que inclui a liberdade de poluir a água dos seus vizinhos.

Infelizmente, o conhecimento de Krugman da posição libertária sobre economia ambiental parece ser limitado ao que ele escuta no rádio e o que ele lê em sites conservadores como o Red State. Esse é o primeiro problema: Krugman finge não entender a diferença entre conservadorismo e libertarianismo. Ele deveria começar lendo o ensaio clássico de Friedrich Hayek “Por que não sou conservador“, mas talvez ele não consiga se afastar do Red State.

De acordo com Krugman, libertários acreditam que “qualquer pessoa que se preocupa com questões ambientais na verdade está tentando usar o medo para promover um crescimento na máquina do governo.” Na verdade, libertários de verdade se importam muito com questões ambientais. Eles só possuem uma perspectiva diferente da de Krugman.

Libertários enxergam a poluição e outros danos ambientais como violações de direitos de propriedade. Despejar fósforo na água do seu vizinho, dizem eles, não é diferente de despejar uma lata de lixo no quintal dele. Como o escritor Roy Cordato explica, questões ambientais não são “sobre não prejudicar o ambiente, mas sobre conflito humano sobre o uso de recursos físicos… Fica claro que tanto a origem quanto a solução dos problemas podem ser encontradas na ausência de direitos de propriedade claramente definidos e garantidos pela lei.” Esse tema é desenvolvido extensamente por ambientalistas libertários como aqueles no Property and Environmental Research Center (PERC). E só para deixar claro, quando libertários falam de “direitos de propriedade”, eles incluem os direitos do indivíduo de proteger seus pulmões e corrente sanguínea da poluição e de outros danos, baseados no princípio de que somos todos “donos” de nossos próprios corpos.

E como os ambientalistas libertários propõem que nós protejamos a nós mesmos e a nossa propriedade da poluição? Surpresa! Não existe uma posição libertária única, assim como não existe uma posição única entre Krugman e seus amigos da esquerda sobre, digamos, a melhor maneira de reformar o sistema de saúde.

Alguns escritores libertários dão ênfase ao uso de leis de responsabilidade civil para processar poluidores por danos ou para proibir a atividade prejudicial. Como Krugman repara, muitos deles defendem reformas na Justiça – mas não, como ele afirma, reformas que enfraqueceriam a Justiça em benefício das corporações. Em vez disso, eles querem reformas que fariam com que vítimas da poluição tivessem uma chance maior de prevalecer no tribunal.

Outros favorecem o uso de mecanismos baseados no mercado, como impostos sobre poluição e incentivos à reduções de emissões. Libertários que acreditam que essas são as melhores maneiras de proteger os direitos das vítimas da poluição tem muitos aliados entre ambientalistas de esquerda, como Gernot Wagner do Environmental Defense Fund, autor do livro “But Will the Planet Notice“. Muitas das minhas postagens anteriores, por exemplo, essa série recente, exploram os prós e contras das diferentes abordagens propostas por libertários para a proteção do meio ambiente.

Resumindo: Discursos anti-ambientalistas como aqueles encontrados em programas de rádio conservadores e em sites como o “Red State” não representam a visão libertária sobre o meio ambiente. O triste é que Paul Krugman provavelmente sabe disso. Ele apenas não consegue resistir à tentação de atacar um alvo fácil.

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