Por Ian Talley. Tradução por Pedro Galvão de França Pupo.
A economia cubana poderá mudar muito nos próximos anos. Raúl Castro sinaliza uma possível abertura e tem – lentamente – se reaproximando aos Estados Unidos. Enquanto isso não acontece, aqui estão cinco fatos importantes sobre a economia cubana que você deve saber:
O país tem sido uma economia controlada, dependendo da generosidade de benfeitores como Rússia e Venezuela. Os EUA implementaram sanções contra Cuba em 1960, após a revolução de Fidel Castro transformar o país caribenho em um país satélite de Moscou, como parte de uma estratégia mais ampla da Guerra Fria contra o comunismo e a antiga União Soviética. O regime castrista conseguiu permanecer como uma fronteira comunista apesar da maior parte do resto da região ter se voltado para mercados livres. Como parte de seu isolamento econômico, Cuba rejeitou manter relações com o FMI e o Banco Mundial, ao contrário da maior parte dos 196 países do mundo.
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O país foi atingido por crises econômicas em seus maiores patronos, Venezuela e Rússia. Cuba precisa importar petróleo, e para isso depende muito de importações subsidiadas de Caracas. Mas os problemas econômicos da Venezuela estão piorando, fazendo com que o país não consiga bancar o seu subsídio a Cuba. A Rússia, um dos maiores credores do país, está enfrentando seus próprios problemas financeiros. E a Europa, cujo comércio aberto com Cuba faz do continente o segundo maior mercado de exportações para o país, está lutando para evitar o que seria a terceira recessão em cinco anos.
“A economia é uma loucura”, disse Roger Noriega, um pesquisador visitante do American Enterprise Institute e ex-Secretário de Estado Adjunto cujo mandato incluiu a América Latina e o Caribe. “Eles tem dívidas colossais” com Venezuela, Rússia, China e outros países, Sr. Noriega disse. A economia é gerenciada principalmente por empresas estatais e firmas controladas pela elite política e militar. O World Factbook da CIA estima que a economia cubana tem aproximadamente $121 bilhões, fazendo dela menor do que 67 outras economias mundiais. Com uma população de mais de 11 milhões, a renda per capita nacional bruta é de aproximadamente $5.890. Isso é mais ou menos um décimo da renda média americana e deixa Cuba atrás de países como o Turcomenistão, o Gabão e a Colômbia, de acordo com o Banco Mundial. Enquanto o governo cubano diz que sua taxa de desemprego em 2013 foi de 4.3%, a CIA diz que as estimativas não-oficiais são do dobro disso.
Em tempos de pobreza, Havana sabe que suas políticas fracassaram, mas teme perder o poder. “O governo continua tentando equilibrar a necessidade de abrir seu sistema socioeconômico com um desejo de manter o controle político firme,” a CIA diz. Em 2011, o governo aprovou uma reforma econômica e lentamente tem aprovado medidas como permitir que a população possua celulares, propriedade privada de terras e mercados limitados. De acordo com o Departamento de Comércio americano, as exportações americanas para Cuba somam menos de $400 milhões por ano, em sua maior parte comida, e oficialmente existem zero exportações cubanas para os EUA.
Com charutos, petróleo e belas praias, existe esperança para a economia. “Cuba atualmente é um desastre econômico mas existem chances de tempos melhores”, disse Gary Hufbauer, pesquisador sênior no Instituto Peterson de Economia Internacional e co-autor do livro “Normalização Econômica com Cuba, Um Guia Para Legisladores Americanos”. Uma normalização das relações políticas com os EUA, o maior motor do crescimento global, poderia colocar Cuba no caminho certo para forte crescimento. O país poderia atrair amplos investimentos nos setores turístico, agricultural e petrolífero. (Para não falar dos charutos, é claro.) O país também poderia se qualificar para empréstimos do FMI e do Banco Mundial, e obteria conselhos muito necessários para racionalizar sua economia, o economista do Instituto Peterson disse. O Sr. Hufbauer estima que o comércio potencial poderia somar quase $20 bilhões por ano sob condições políticas normalizadas.