Em defesa de um liberalismo progressista

Por Monica Lucas

Logo de início, foi difícil para eu entender o que significava a palavra “liberalismo”. Limitação dos poderes governamentais? Sim. Liberdade econômica? Também. Mas, havia algo mais? O que mais implica uma crença nos ideias de liberdade?

Hoje, tendo participado no movimento liberal por alguns anos, tendo ido a palestras, seminários e conferências, eu passei a compreender que a palavra “liberal” não traz em si a motivação primária que eu tenho em meu comprometimento com a cultura de liberdade. Eu me esforço sempre pra lembrar que a liberdade não é um objetivo político. Por que, então, ela parece ser? A liberdade não diz respeito só a mim, então por que eu ajo como se ela assim o fosse? A liberdade não é uma política pública, uma diretriz egoísta ou um político a ser eleito. Não é nada disso. Na realidade, a liberdade é um ideal.

Eu acredito na liberdade porque eu sonho com um mundo onde os mais pobres não passem fome, não morram por doenças que já têm cura há muitas décadas e não vivam sem ter acesso aos instrumentos e ferramentas que podem tornar suas vidas melhores. Minha dedicação à liberdade não vem de uma relutância em pagar meus impostos ou um incômodo com pessoas que são diferentes de mim. Ela vem do amor que eu tenho por todas as pessoas no mundo – independentemente de nacionalidade, idade ou classe social. Ela vem de um desejo fundamental que eu tenho em tornar a vida das pessoas um pouco melhor.

Certamente, esse é um liberalismo distinto daquele que a geração de nossos pais imaginou. Eles imaginaram um cenário em que os impostos são baixos e as empresas têm liberdade para inovar, mas políticas sociais vêm em segundo plano. Não é assim que eu vejo o liberalismo. Para mim, o liberalismo é progressista porque ele se foca em caminhos para tornar a vida das pessoas melhor, ele tolera as escolhas das pessoas para suas próprias vidas e ele busca soluções para além da ineficiência da política. Ele é progressista porque se foca no futuro – buscando uma situação melhor do que a gente tem no presente.

Ao rejeitar o velho liberalismo, eu rejeito aquele sentimento que diz “eu não quero dar meu dinheiro aos preguiçosos que não querem trabalhar”. Eu também rejeito a noção de excepcionalismo americano: a ideia tão disseminada no movimento liberal americano de que tudo que seria necessário seria “voltar aos planos originais dos pais fundadores do país”.

Se o objetivo último do liberalismo é melhorar a vida das pessoas no mundo, a gente não pode se prender às tradições do passado que só funcionam parcialmente. A gente não pode se dar por satisfeito com o mais ou menos. A gente não pode fingir que a liberdade se manifesta em um só assunto ou caminho. Liberdade diz respeito à experimentação, inovação e descoberta de novas e melhores maneiras pra viver. A gente deve rejeitar os velhos padrões e abraçar ideias novas e instigantes.

Quando eu leio notícias sobre guerras em outro países, pobreza aqui e no estrangeiro ou mortes causadas por doenças trágicas, eu tenho a confirmação que a gente não vive em um mundo onde a liberdade está vencendo. Se queremos ser levados a sérios por nossas ideias, precisamos demonstrar ao mundo que estamos dispostos a cruzar fronteiras e incluir todas as pessoas. O que nós queremos é verdadeiramente progressista – e chegou o momento de admitirmos isso.

Publicado originalmente pelos Estudantes pela Liberdade dos Estados Unidos. Tradução de Carlos Góes.

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