Por Felipe Melo França

Conta-se que no meio do século XV, o banqueiro Johann Fust concedeu um empréstimo a um inventor alemão, exigindo-lhe em troca a participação nos lucros da sua sociedade. A empresa se chamava “Das Werk der Bücher”, algo que podemos traduzir como A Fábrica de Livros. O inventor alemão era Johannes Gutenberg, o pai da imprensa.

Ao que consta, Gutenberg não fora nenhum gênio, mas antes de tudo um homem de visão e execução. Seu pai trabalhou na Casa da Moeda em Mainz e, familiarizado com a manipulação de metal, Gutenberg concebeu a ideia de “caracteres móveis” – moldes de letras gravadas em chumbo. Além disso, vindo de uma região de vinícolas, Gutenberg adaptou prensas de vinho (equipamento utilizado para “ex-primir” o suco das uvas) com placas para alocar caracteres e papel. Por fim, um terceiro sócio, Peter Schoffer, ajudou-lhe a desenvolver uma tinta negra que não borrava a impressão. Estava pronta a primeira “prensa tipográfica”.

Prensa

A invenção da prensa sem dúvidas mudou o mundo como poucas coisas até hoje. Na Europa pré-Gutenberg, as taxas de analfabetismos eram elevadíssimas e prevalecia a cultura da oralidade. Os livros, até então, eram escritos à mão e reproduzidos artesanalmente por especialistas, tornando-os caros e exclusivos às classes mais ricas. No entanto, com a prensa tipográfica de Gutenberg, a impressão em escala tornou os livros acessíveis e disponíveis para o público em geral, permitindo a Revolução Científica e o acesso de milhões a educação.

O impacto do empreendedorismo de Gutenberg não é um caso isolado. De Thomas Edison (fundador da General Eletric e inventor da lâmpada elétrica) a Larry Page (CEO do Google), podemos ter certeza: quando se fala em mudar o mundo, um empreendedor vale mil políticos. De fato, a gráfica do Sr. Gutenberg alfabetizou mais gente do que qualquer político no mundo. É nesse rastro que cada vez mais se defende o empreendedorismo social como alternativa ao Estado enquanto agente transformador da sociedade.

Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas mais graves da sociedade. Atuando como empresas ou organizações não-governamentais, eles abordam as principais questões sociais e oferecem novas ideias para a mudança em larga escala. Neste sentido, com o propósito de facilitar e assessorá-los, multiplicam-se as incubadoras e aceleradoras especializadas em empreendimentos sociais como a GoodCompany, Echoing Green Fellowship, Better Ventures ou o Unreasonable Institute. Saiba mais aqui.

Escrevi anteriormente, aqui no Mercado Popular, sobre uma suposta inércia dos liberais brasileiros. Disse que “nesta nova fase do movimento liberal precisamos tanto de braços para executar quanto outrora foi preciso de bocas para reverberar.” Pois os Estudantes Pela Liberdade morderam minha língua. Um exército de profissionais voluntários (designers, economistas, advogados, contadores, especialistas em gestão e tecnologia da informação) está sendo reunido para apoiar e dar suporte aos empreendimentos que tenham potencial de gerar externalidades pró-liberdade. Está para sair do forno o LIBLAB, a incubadora do EPL cujo objetivo é justamente fomentar projetos e empreendimentos sociais que divulguem as ideias da liberdade ou desenvolvam a autonomia dos indivíduos e da sociedade perante o estado.

Pois se você é jovem e ainda tem alguma pretensão de mudar o mundo, por favor, coloque a carreira política em segundo plano. Pense em empreender. Seja mais Gutenberg.

P.S.: Aos curiosos e interessados, para conhecer melhor o LIBLAB – Incubadora de Empreendimentos Pela Liberdade, segue o projeto no slideshare abaixo. Para colaborar, envie um e-mail para [email protected].

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Felipe Melo França é advogado, diretor-executivo do LIBLAB, co-fundador da empresa júnior Beviláqua (Direito-UFPE) e ex-conselheiro executivo da rede Estudantes Pela Liberdade. Nascido e criado em Recife, trabalha em São Paulo com Auditoria Tributária e Planejamento Societário. Para disfarçar a caretice da vida jurídica, ocupa-se imitando Caetano Veloso e buscando desencaretar o movimento libertário. Tem interesse no mercado de transferência de tecnologia, economia criativa, arte contemporânea e psicanálise.

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