Recentemente, o IBGE divulgou o resultado do crescimento da economia brasileira até o fim do ano passado. A economia encolheu 3,8%, algo bem parecido com nossa última previsão (3,7%). Tentando ter um olhar mais específico sobre como a economia tem mudado, pode-se observar que, desde o início da crise, o consumo das famílias foi reduzido em 6,3%. Essa redução no consumo significa redução de bem estar – e isso explica, ao menos em parte, a grande insatisfação popular com a situação econômica e com o governo.
Mais impressionante ainda é a queda no investimento, que foi reduzido em 25%. Esse número é muito preocupante para o crescimento futuro do país – pois com menos investimento, há menos acumulação de capital, o que significa que a produtividade (e, consequentemente, os salários) dos trabalhadores não vai ser tão alta quanto poderia ser. Dentre os componentes do PIB, aquele que menos caiu foram os gastos do governo – o que contraria a ideia de que teria sido o “ajuste fiscal” (que é difícil de ser observado nos dados) o responsável pela crise.
Um bom termômetro da situação econômica do país é a taxa de desemprego. Quando a taxa de participação na força de trabalho é mantida constante, os números são impactantes. Em dezembro de 2015, a taxa de desemprego chegou a 10%. Esse número não era observado desde junho de 2007. Entre os jovens, a situação é ainda pior. Muitos deles pararam de buscar emprego – caindo na situação dos “nem-nem”, ou seja, as pessoas que nem trabalham, nem estudam. Não só o número de pessoas empregadas está diminuindo, mas menos pessoas compõem a força de trabalho. Por isso, o desemprego juvenil chegou aos 27% em dezembro de 2015, o maior valor desde o começo da série histórica. Isso significa que, aproximadamente, um em cada 4 jovens brasileiros está desempregado.
Os novos dados sobre o PIB e emprego permitem que nós atualizemos nossas previsões macroeconômicas (para ver a metodologia do nosso modelo – o Mini-MIM – clique aqui). A economia brasileira deve contrair encolher 3,7 em 2016 e se manter quase estável, em -0,2%, em 2017. Com a economia em baixa atividade, a inflação deve aos poucos ceder, mas só deve convergir para o centro da meta do Banco Central entre 2017 e 2018.
Ano | Taxa de Juros (média anual) | Inflação (variação anual ao fim do ano) | PIB (variação anual média) |
2016 | 14,25% | 7,7% | -3,7% |
2017 | 13,5% | 5,3% | -0,2% |
2018 | 12,3% | 4,3% | 1,7% |
Além disso, como o mercado de trabalho tem uma forte relação com a economia, a intensa contração econômica tenderá a continuar com a tendência de destruição de empregos formais. Nós projetamos que, até o fim do ano, cerca de 3 milhões de empregos formais terão sido destruídos.
Essa situação no mercado de trabalho e na economia como um todo, se materializada, tornaria a recessão atual a pior da história do país. Desde a Grande Depressão não há dois anos seguidos de crescimento negativo do PIB. E, somados, 2015 e 2016 serão o momento de maior retração da economia brasileira desde que a série do PIB começou a ser estimada.