Escrito por Chris Dillow

Artigo escrito em Maio de 2006.

Hoje é o 200º aniversário de John Stuart Mill. É celebrado aqui, aqui e aqui e com uma perspectiva mais crítica aqui. Algumas das suas principais obras encontram-se aqui. Uma coisa que nós devíamos celebrar, e reafirmar, é a visão econômica de Mill. Como Marx, ele antecipou o término do conflito de classes:

Não se espera que a divisão da raça humana em duas classes hereditárias, empregadores e empregados, possa ser mantida permanentemente. A relação é quase tão insatisfatória para o pagador de salários como a é para o recebedor… A relação de mestres e trabalhadores será gradualmente substituída por uma parceria, em uma das duas formas: em alguns casos, associações de trabalhadores com o capitalista; em outras, e talvez finalmente em toda, a associação de trabalhadores entre si… A forma de associação… em que se a humanidade continua a evoluir, deve ser esperado que no final a predominar, não aquele tipo que possa existir entre um capitalista como chefe e trabalhadores sem uma voz na gestão, mas a associação dos próprios trabalhadores em condições de igualmente, possuindo coletivamente o capital com o qual mantém suas operações e trabalhando sob administradores eleitos e removíveis por eles mesmos (Princípios de Economia Política, livro IV, capítulo 7)

Tais esquemas, afirmou Mill, aumentariam a produtividade do trabalho, dando aos trabalhadores maiores incentivos; nos capítulos voltados ao Socialismo, Mill luta por “um aumento indefinido na participação dos lucros destinados aos trabalhadores”. Mas esse benefício material, ele afirma:

É nada comparado com a revolução moral na sociedade que a acompanharia: a cura da disputa permanente entre capital e trabalho; a transformação da vida humana, de um conflito de classes que luta por interesses opostos, a uma rivalidade amigável numa busca de um bem comum para todos; a elevação da dignidade do trabalho; um novo senso de segurança e independência na classe trabalhadora; e a conversão de cada ocupação diária do ser humano em um aprendizado sobre as solidariedades entre as pessoas e a inteligência prática.“

A visão de Mill aqui não é aquela das empresas estatais. A administração governamental, ele diz, é “proverbialmente empreguista, descuidada e ineficiente”. Ao invés disso, diz respeito às cooperativas de trabalhadores. E mais, de cooperativas que competem umas com as outras:

Embora eu concorde e simpatize com os socialistas na parte prática de seus objetivos, eu discordo profundamente da parte mais visível e veemente de seus ensinamentos, suas declarações contra a competição… Eles esquecem que onde quer que não exista a competição, o monopólio é que existe; e que o monopólio, em todas as suas formas, é a tributação do esforçado para o sustento da indolência, se não pilhagem. Eles esquecem, também, que com exceção da competição entre os trabalhadores, todas as outras competições são para o benefício dos trabalhadores, para o barateamento dos artigos que consomem.”

John Stuart Mill, socialista de mercado.

 

Traduzido por Matheus Pacini e revisado por Rodrigo Viana.

Chris Dillow é jornalista e mantém o blog Stumbling and Mumbling.

Compartilhar