O escritor Laurentino Gomes lançou recentemente o primeiro volume de uma trilogia sobre a Escravidão no Brasil.
Como não poderia deixar de ser, fui ao lançamento em São Paulo pegar seu autógrafo e já li mais da metade dele. Recomendadíssimo!
Laurentino revelou ter lido mais de duzentos livros e viajado mais de seis anos para fazer essa pesquisa histórica extremamente profunda.
No último domingo, ele foi ao programa Canal Livre da Band para debater e apresentar a obra.
Peguei os principais trechos da mesa redonda e apresento a vocês.
O primeiro ponto a destacar é que, apesar de um tema extremamente necessário a se debater e de ter 3 jornalistas entrevistando-o, não havia sequer um negro, infelizmente. Será que não há um jornalista negro capacitado no país para falar acerca do tema?! Aparentemente, segundo a direção do programa, a resposta é negativa e vemos como, mesmo tratando da temática racial, o negro é silenciado em nosso país.
Vencido esse ponto, vamos aos trechos interessantíssimos do debate.
– Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças e Luiz Gama foram abolicionistas citados na mesa redonda;
– Para Laurentino, é dada maior relevância a Joaquim Nabuco na história abolicionista do que outros, como Luiz Gama, por ser branco;
– “Mais de UM MILHÃO E OITOCENTOS MIL escravos morreram na travessia do Atlântico. Isso dá 14 negros jogados ao mar todos os dias”;
– 50% dos escravos saíam do interior da África e chegavam à praia, 25% morriam na travessia e a sobrevida deles aqui em solo brasileiro era de 3 anos;
– Sobre Zumbi: (i) existem pouquíssimos documentos sobre zumbi dos palmares; (ii) os que existem mostram o ponto de vista de Portugal; e (iii) zumbi pode ter sido um posto militar e não apenas uma pessoa;
– Já no livro, ele traz 3 versões históricas diferentes de zumbi: dos colonos, do Brasil independente e dos oprimidos. Essa é uma guerra de narrativas, na verdade;
– Temos uma reflexão sobre as figuras históricas Zumbi e Luiz Gama:
– Onde está Luiz Gama na história abolicionista?
– Quem é maior: Zumbi, sobre o qual pouco se sabe ou Luiz Gama, que se
sabe muito e libertou mais de mil escravos? Penso que Luiz Gama está vai
crescer bastante ao longo do tempo.
Por fim, uma bela frase, dentro de uma excelente entrevista:
“Estudar a escravidão é fundamental para sermos um país decente daqui pra frente”
Caso queira ver a entrevista toda, é só clicar nos links a seguir: