Em geral, aumentar impostos não é uma medida nada popular. É de se esperar que a maioria das pessoas não queira que mais dos seus recursos sejam dados para políticos e burocratas, principalmente no Brasil, em que, além de uma das maiores cargas tributárias do mundo, há uma crise de representatividade tanto de partidos quanto de políticos. No entanto, qual o pensamento dos brasileiros sobre os impostos no país?
A intenção dos gráficos a seguir é responder a essa pergunta e mostrar o senso comum do brasileiro-médio sobre a temática e como ele enxerga o custo-benefício (impostos pagos x retorno em serviços). Essas opiniões podem surpreender o leitor. Veja:
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, especialmente se comparadas a de países emergentes na Ásia e América do Sul.
Desde 2015 quase todos os estados aumentaram o IPVA, o ICMS, impostos sobre combustíveis, os impostos sobre herança e doação. Além disso, o Governo Federal aumentou o IOF, PIS/Cofins, impostos sobre celulares smartphones, sobre chocolates, sorvetes, cigarros e até sobre rações.
Apesar do gigantesco orçamento público, é comum ouvir de determinadas classes de servidores públicos, especialmente sindicalistas, que faltam recursos em suas áreas. O que impressiona é que essa defesa por reajustes salariais vem de quem tem renda maior que 99% dos brasileiros, da grave crise pela qual o país passa e dos mais de 11 milhões de desempregados no país.
Se com quase 40% da renda nacional não se tem serviços de qualidade, não é com 1% a mais que a qualidade virá, acreditam. O problema muitas vezes está na estrutura da política pública e no sistema de incentivos perverso e ineficiente. Já demonstramos que o problema do SUS não é a falta de dinheiro, além dos problemas da dispersão do conhecimento e do cálculo econômico.
Uma clara mensagem para políticos, partidos e grupos que defendem a volta da CPMF, supostamente para financiar serviços públicos, e para cobrir o enorme rombo fiscal deixado pelo Governo Dilma.
Para eles, os 2 trilhões de reais atuais já são mais que o suficiente.
A maioria do país considera que os impostos são altos e que estão aumentando de forma indevida. Concordam ainda que os serviços públicos não tem boa qualidade e que aumentar impostos não farão eles melhorarem. Em um ambiente em que o Ministro da Fazenda, Henrique Meireles, não descarta aumento de impostos, é importante a mobilização de movimentos sociais, partidos políticos e indivíduos, eleitos ou não, começarem a chamar atenção para isso. Definitivamente, a experiência mostra que o ajuste fiscal precisa ser feito com corte de gastos e não com aumento de impostos, sob pena de termos de fazer novos ajustes fiscais em curto prazo. Mais: a mentalidade do brasileiro, de que altos impostos são justificáveis se houver contrapartida em serviços públicos, precisa mudar: essa é a única solução.