Acompanhada de um trecho de texto do geógrafo Milton Santos, uma das questões do ENEM 2015 afirma que a globalização gerou desemprego ao redor do mundo. A resposta tida como correta pelo exame do governo tem apenas um problema: ela está errada.
De acordo com Gregory N. Mankiw, economista da Universidade de Harvard e autor do livro-texto mais utilizado nos cursos de Economia em todo o mundo, 93% dos economistas concordam que impor barreiras a globalização geralmente reduz o bem-estar econômico geral. A informação pode ser acessada aqui.
Não há qualquer base empírica ou teórica que sustente a relação de causa e efeito que o ENEM afirma existir entre globalização e desemprego e, por isso, ela reflete apenas uma opinião (questionável) sobre o assunto. Apesar do avanço da globalização nas últimas décadas, dados internacionais mostram que o desemprego não avançou no período. Além disso, a maioria dos economistas aponta a globalização como um fator de aumento dos salários de trabalhadores em todo o mundo. Neste texto, são apresentados os dados disponíveis sobre a questão, que contradizem a resposta apontada como correta pelo ENEM.
Ignorando o consenso acadêmico em torno da questão, o Ministério da Educação achou razoável indicar, na resposta de uma questão do ENEM, que a globalização e a industrialização geram desemprego, e, por consequência, diminuem o bem-estar da população.
Foi por isso que este Mercado Popular organizou um abaixo-assinado pedindo a anulação da questão. Você gostaria que os educadores priorizassem o conhecimento científico acumulado ao longo de décadas em detrimento de posições pessoais? Então assine, curta e compartilhe o abaixo-assinado para seus amigos! Não custa mais do que dois minutinhos. Nosso abaixo-assinado pode ser acessado aqui.
Nosso objetivo, porém, não se limita a pressionar políticos na internet. Estamos juntando forças para combater a ideologização do maior exame vestibular do país também na justiça. Se você fez a prova no último fim de semana, entre em contato com este Mercado Popular no Facebook, na página de contato do nosso site ou via e-mail. Durante a semana, reuniremos nomes de estudante para entrar com uma ação na justiça buscando a anulação da questão.
Acreditamos que a anulação da questão é essencial para garantir a legitimidade do exame perante a população e a comunidade acadêmica. No presente momento, os organizadores do ENEM e o Ministério da Educação têm a oportunidade de deixar claro que, na educação brasileira, opiniões político-ideológicas particulares não devem ser tratadas como verdades universais. Se o INEP tem o objetivo de estimular o pensamento crítico de nossos estudantes, nada melhor do que dar o exemplo. Erros podem acontecer, mas a reparação desses erros é essencial.
Leia mais sobre a nossa iniciativa no blog do Leandro Narloch, no site da Veja.