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Economia, Internacional

Trump é um caudilho latino-americano

Por Carlos Góes @goescarlos · Em 25/07/2016

[Prólogo: esse texto foi publicado em julho de 2016 aqui. Ele descrevia por que eu achava, contrariamente às pesquisas, que Trump ia vencer – como de fato o fez: por seu populismo econômico tão comum na América Latina]

Essa é minha aposta paras eleições americanas: porque Trump vai vencer.

Trump é um caudilho latino-americano. Ele afirma que tudo que é necessário pra melhorar a situação nacional é colocar no poder um macho alfa como ele. O futuro e a prosperidade da nação não dependeriam de suas instituições, do sistema de pesos e contrapesos decorrentes da divisão dos poderes ou dos sistemas de livre concorrência econômica e política. Viriam do Pai-da-Pátria que nos levaria ao Topo da Montanha.

Ele é um Getulio Vargas americano. Getulio, lembremo-nos, apesar de ser lembrado como um ícone de esquerda, era um proto-fascista que admirava Mussolini e que cultivava sua imagem de Pai-dos-Pobres para se vender como solução para todos os problemas da nação. Trump, até o momento, elogiou e foi elogiado por outros caudilhos populistas: Putin e Erdogan, dentre outros.

Pra quem cresceu na América Latina, o discurso dele não é nada estranho. Ele direciona a raiva do povo contra as elites, contra o livre comércio e contra os estrangeiros. Só que no lugar de a culpa ser da ALCA e dos Estados Unidos, como era no Brasil – a culpa passa a ser do NAFTA e do México/China. O antiamericanismo que levou a alguns no Brasil a dizer que os EUA “mereciam” o 11 de setembro é substituído pela xenofobia anti-imigração de latinos e muçulmanos.

Em todos os casos, as causas dos problemas nacionais são sempre colocadas num inimigo externo. Esse comportamento é uma das principais características que Montaner, Mendoza e Vargas Llosas atribuem, em seu famoso Manual, ao “perfeito idiota latino-americano”

Pra quem, como eu, acredita num modelo de sociedade aberta que seja socialmente tolerante e tenha um governo fiscalmente responsável, Trump é o pior dos mundos. Ele é socialmente intolerante e fiscalmente irresponsável.

Infelizmente, eu acho que Trump vai ganhar com um discurso nacionalista, populista, anti-globalização e anti-imigrantes. Ele vai concorrer dizendo que quer fechar as fronteiras e levantar barreiras protecionistas. Vai aumentar o défice do governo, pois se recusa a reformar a previdência ou os gastos militares ao mesmo tempo que promete cortar impostos, e com isso deve explodir a dívida pública. Em suma, ele quer tornar os EUA um país mais parecido com uma república de bananas tão comum em Nuestra América Latina.

Eu passei tempo suficiente estudando a economia política da América Latina pra compreender o poder de persuasão de propostas que não se importam com o longo prazo e que demonizam um grupo qualquer pelos problemas nacionais. Os dados e a realidade não importam – o que importa é a narrativa. A gente sabe compreender como as pessoas anseiam por um Messias que as levará para a Terra Prometida – seja o nome dele Perón, Vargas, Chavez, Cárdenas, Velasco Ibarra ou Trump.

Por isso, infelizmente, aposto que Trump vá vencer. Minha esperança é que as instituições americanas sejam sólidas o bastante pra resistirem um caudilho – e que ele não consiga fazer quase nada do que prometeu.

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Donald Trumpeleições americanaspopulismo
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Carlos Góes

Carlos Góes é doutorando em Economia (Universidade da Califórnia em San Diego) mestre em Economia Internacional (Johns Hopkins), com especializações em finanças e métodos quantitativos, e bacharel em Relações Internacionais (Universidade de Brasília). Publica com frequência na imprensa nacional e em periódicos científicos internacionais sobre temas que incluem econometria, economia monetária, economia do desenvolvimento, desigualdade econômica, análise econômica do direito e filosofia política. Editou o livro “Repensando uma Cultura de Paz e Liberdade” (Ed. UnB) e, como Pesquisador-Chefe do Instituto Mercado Popular, coordena a edição de policy papers que buscam alternativas de políticas públicas para o Brasil baseadas no estado da arte da evidência científica.

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