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Cultura

A Revolta de Stonewall, 46 anos depois

Por Pedro Menezes @P_droMenezes · Em 03/07/2015

Em 1969, quase todos os estados americanos enquadravam o comportamento homossexual como um crime. Até então, a Associação Psiquiátrica Americana considerava a homossexualidade como doença e a prática de sodomia – mesmo quando praticada em casa por adultos – incorria em prisão em 49 dos 50 estados americanos, com penas que passavam dos 20 anos de cadeia, chegando até a prisão perpétua. A única exceção era o estado de Illinois, que havia abolido a lei poucos anos antes, em 1961.

Pouquíssimos eram os bares e restaurantes onde o público LGBT podia transitar em paz e estes, ainda assim, eram alvos frequentes de operações policiais. Em Nova York, havia o Stonewall Inn, localizado em Greenwich Village, bairro famoso por sua atmosfera progressista. O bar era dominado pela máfia e servia drinks adulterados, mas ainda assim era frequentado pelo público LGBT novaiorquino, dado que era o único espaço público que permitia que gays dançassem juntos. Clientes ricos – em geral, financistas de Wall Street – eram frequentemente extorquidos pelos donos do bar, já que a revelação pública da homossexualidade provavelmente implicaria no fim de suas carreiras profissionais.

As batidas policiais no Stonewall Inn eram rotineiras até o dia 28 de junho de 1969, quando a resistência dos presentes no bar deram início a uma série de protestos que mudou radicalmente a forma como LGBTs eram tratados nos Estados Unidos. Cerca de 205 clientes estavam no bar durante a operação, mas oito policiais foram encarregados de bloquear todas as janelas e portas, impedindo qualquer tentativa de fuga. Outros policiais a paisana estavam no bar desde cedo, para garantir as provas visuais necessárias à condenação dos clientes.

Alguns dos presentes, quase todos travestidos, foram imediatamente levados à viatura. Foi neste momento que a Revolta de Stonewall se iniciou. Um cliente, até hoje anônimo, começou os gritos de “Gay Power”, que logo se transformaram numa multidão que cercou a viatura enquanto cantava “We Shall Overcome”, uma espécie de hino do movimento por direitos civis que irrompeu no fim dos anos 60 e continha versos como “Seremos livres, um dia nós seremos livres”. Em minutos, surgiu a informação de que a operação teria acontecido porque os donos do bar esqueceram de pagar propina aos policiais, e imediatamente centenas de moedas e dólares passaram a ser atirados nas viaturas. Em uma ação bem humorada, os manifestantes passaram a fazer com os policiais as mesmas piadas que sofriam cotidianamente – apertando as as suas bundas, chamando-os de bichinhas e dizendo que eles iriam para o inferno. Nos momentos seguintes, parte dos policiais fugiu com medo da multidão, irritando o seu comandante e atraindo ainda mais manifestantes para os arredores do Stonewall Inn. O reforço policial chegou em seguida, mas os protestos agora acumulavam cerca de 600 lésbicas, gays, bissexuais e trangêneros enfurecidos por anos de repressão.

 

stonewall_riots

stonewall

Depois de horas, com os policiais presos dentro do Stonewall Inn e cercado por uma multidão cada vez maior de manifestantes, a polícia tática de Nova York foi chamada e o protesto se dispersou. No dia 2 de julho, por coincidência, estava marcado o protesto anual da Mattachine Society, que promoviam a igualdade de tratamento de LGBTs. Usualmente, o protesto era tímido e contido, com o uso de terno por parte de homens e saias pelas mulheres, que andavam em linhas. Na edição de 1969, pela primeira vez, os manifestantes não seguiram as regras rígidas e, em número recorde, fizeram uma festa generalizada, cada qual vestido da maneira que quisesse. Jornalistas do Village Voice, que chamara a Revolta de Stonewall de “bichice” (faggotry) foram justamente hostilizados e boa parte dos presentes dirigiu o protesto à sede do jornal. Nos dias seguintes, foi formada a Gay Liberation Front. Pela primeira vez na história americana, homossexuais decidiram resistir às injustiças cotidianos. Hoje, os Estados Unidos está repleto de bares e restaurantes seguros para o público LGBT, as leis anti-sodomia foram abolidas e diversos estados já legalizaram a união civil homossexual. O dia 28 de junho de 1969 foi, sem dúvidas, histórico para a causa LGBT.

Alguns documentários estão disponíveis no youtube para aqueles que quiserem conhecer melhor a Revolta de Stonewall, aqui, aqui e aqui.

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